Demandando Relações

Mariana Camara
3 min readSep 14, 2020

Será que as relações tóxicas te procuram ou você as procura?

Fonte: Heller de Paula — Inteligência Emocional

Com certeza você já foi em alguma loja, mercado ou algo do gênero e, ao olhar as gôndolas e prateleiras, você se questionou o porquê de existir um certo produto, porque talvez julgue ser somente uma ferramenta de lucro e não há nada de tão demais no objeto. Acontece que nós, mercadólogos, acreditamos e partimos do princípio de que só existe oferta se existe a demanda por ela. Então, para você parece ser meio inútil produto x, mas para outros há uma serventia e é até considerado o “sonho de princesa”.

Mas o que estratégias de mercado tem relação com relacionamentos? Tudo, se analisarmos de uma outra forma e de outro contexto.

Alguma vez você já se parou em frente ao espelho ou ficou deitado na cama olhando para o teto idealizando a pessoa com quem gostaria de se relacionar, juntando fatores e critérios físicos e de personalidade ou ficou questionando algumas vezes porque teve a coragem de se relacionar com uma pessoa que não te valorizava, que te magoou ou coisas assim?

Primeiro eu queria dizer que não se deve julgar uma coisa passada. Você tinha condições de fazer e agir daquela forma naquele contexto e se não tivesse passado por aquilo, talvez não tivesse a maturidade de hoje.

Em segundo, eu te digo que basicamente você demandou, seja consciente ou inconscientemente, para si mesma pessoas dessa forma. Como assim? Você se relaciona com pessoas que possui certa ressonância com o seu estado atual. Então, quando você se relaciona com uma pessoa, por exemplo, que seja insegura, é porque uma parte de você é insegura. E tudo bem.

Por que tudo bem? Simplesmente porque nós, seres humanos, estamos aqui para nos relacionarmos uns com os outros, direta ou indiretamente, para que possamos aprender e ensinar. Logo, quando uma pessoa com quem você se relacionou, te fez perceber que você é dependente emocionalmente, é exigente consigo mesmo, é inseguro, agressivo-passivo, etc., não é motivo para se condenar, se julgar, se vitimizar ou afins, mas, sim, fazer você ter uma outra visão de si mesma e procurar ajuda, se entender melhor. Porque muitas vezes, por ser mais fácil, a gente culpabiliza o outro por situações que passamos.

Mas a gente tem que entender e usar essa palavra no lugar de culpabilização que é responsabilidade. O outro não foi certo por ter te agredido, mas você também precisava entender sobre limites e respeito consigo própria.

Porque se relacionar é isso, é aprender sobre limites, responsabilidades e respeito.

Parece meio duro ter que ouvir tudo isso? Eu entendo porque pra mim também foi um pouco difícil ter que admitir que eu tenho lados que têm ressonância com a toxidade. Estes lados que precisam ser observados, curados e não julgados ou colocados nas costas de alguém ou de si próprio.

Saiba que não é porque grande parte das pessoas, senão todas passam por relações que machucaram ou machucam, não significa que se deve normalizar ou banalizar o que acontece com você. Isso só te ajuda a entender que não está sozinha, que pode conversar com alguém, procurar um suporte e se autocuidar.

Porque, da mesma forma que a gente pensa que podemos passar por relações que ferem, podemos também nos permitir viver relações que nos curam. Porque relacionamento também são mecanismo de amor próprio quando a gente se permite se relacionar de forma presente e por inteiro, abertos e disponíveis para se auto-observar e se comunicar com o outro.

Então, da mesma forma como podemos demandar ofertas de relações que não são tão legais, mesmo que sem querer, podemos desejar relacionamentos que nos ensine sobre responsabilidade, cuidado e cura. Precisamos nos educar quanto a isso, estarmos disponíveis e dispostos a sermos ajudados e compreendidos, mas também a ajudar e compreender.

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Mariana Camara

Macumba, musculação, literatura, lesbianidade e surtos de escrita que me fazem ir e voltar deste lugar. Insta: @mariric_